segunda-feira, 22 de março de 2010

A máscara


Hoje vesti o meu reino de silêncio
Mudei o tempo com suspiros
e as estrelas por profetas

As minhas pedras viraram
punhais de dores
e as minhas mãos
passaram a agulhas de gelo

Subi à torre do meu castelo
e olhei as palavras das alturas

Dentro do meu copo de vento
Sufoquei escadas de água
Reprimi com muita dor
o meu desejo
e mordi o meu corpo com beijos adiados
Marquei um lugar na minha cama
e esperei em vão por um sonho
sem destino
Neguei o meu copo de vinho
Mas comi a infância do meu pão

Roubei o meu tédio de ondas
em desalinho
e esfacelei os meus anseios
transformando-os em insultos
Agora sou um outro
que ri dos deuses e dos anjos
Apaguei demónios de horror
e sigo a imagem do Herói
que um dia dormiu em mim

2 comentários:

Susana Garcia Ferreira disse...

gostei do poema bem escrito como sempre e não é preciso usar máscara,deve-se ser como se é sem máscaras.
bjs

Margarida Piloto Garcia disse...

Este é um belo poema construído de fortes imagens.