terça-feira, 16 de março de 2010

O surdo mudo




Ele sómente olha
Não diz
Vê tudo
Mas não ouve
Fica com o sabor de boca ressequida

O silêncio é o Mundo ao seu redor
A sua solidão,não é uma invenção
É o amargo da sua dor

Tenta em vão agarrar a terra
para ser um corpo vivo
mas sufoca em pedras frias

Não tem portas
Nem estrelas
Não tem harpas nem tambores

Quer ouvir o poeta num jardim de amendoeiras
Mas o vazio é o frio do seu leito

Na seara do seu peito
nasce uma raiva de suspiros

E então repele o céu estrelado
Engole as palavras no seu mar sem fundo
Até ao tocar sua pele
ela lhe parece alheia

Fica a viver o resto
com a raíz do instinto
E o seu gelo é incapaz de aquecer aquilo que dói nele

Partem tão tristes os seus pés
Como quem carrega o peso das palavras

Vitor Correia

1 comentário:

Susana Garcia Ferreira disse...

poema um pouco triste mas não deixa de ser bonito,não é preciso ser-se surdo-mudo mas gostei.
A imagem também está bem não sei se será de um surdo-mudo.
bjs