domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lágrima


Lágrima
Uma lágrima gelada
Percorre
meu rosto quente
Água
Sal
Carne
Mistura dolorosa
Brotou
Saíu
Para-me nos lábios

Um esgar
um leve toque de língua
Eis que me entra
Boca dentro

Dissolvo-a
Queixa-se

"Porque me soltaste?
Que mal fiz?
Dormia
Tão bem
no teu saco
Lacrimal

Respondo
Com um tríssilabo
" Não fui eu"
Questionou-me
Então? e Porquê?
Argumento
"é o estado de alma"

Já não falo
Já não sinto
Já não ouço

Apenas
Penso
Lembro
recordo

E que recordo?
São vagas
As lembranças


Havia
Um pão
Havia
Um copo
Solidariedade
Não faltava
Uma chama
furtiva
Duma vela
quase apagada
Espreitava
O AMOR
Envergonhada
Ora ardia
Ora apagava
Crepitava
Na lareira
Um resto
De madeira
Curcumida
Uma pinha

Chegou a hora
Partiu
Voltou a lágrima

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mulher


Bom dia ó mulher
Digo eu agora
És uma rosa branca
de espinhos amarrada
Rainha de aromas
e de beijos
Carregaste
no teu ventre
Uma linda madrugada
Um mar de chamas
e de abraços

És a amiga
A companheira
A razão
da minha força
A minha
dádiva de sangue

Mulher
Com lençóis de linho
Bordados na memória
viva do teu retrato

Constróis
A casa
O jardim
o livro ainda
adiado

Não te tenho
no meu lençol
Mas guardo em mim
A memória
do teu sorriso
Gravado
na sombra da minha alma

De que nevoeiro
Apareceste?
De que fonte
foste concebida
para que os sons
do meu sangue
fiquem calados?
De que forno?
Com que forja
fundiste o metal
Com que tão bem
pintas as cores
do teu arco-íris?

És mulher
És mãe
Dás a vida
A alegria

Aqui te deixo
O meu poema
A minha prosa
A minha gratidão
Por seres o que
e quem és

Amiga
Mãe
AMOR