quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nenúfares da madrugada


De cavernas e crateras
Nascem
as minhas flautas de choro

Com espigas e espadas
Crio cortinas de vento
Nas minhas mãos sem idade
É na retina do meu silêncio
Que calo a voz
O pão
A boca adormecida
É no meu jardim de mágoas
Que planto
NENÚFARES DE MADRUGADA

É no calor do meu vento suão
Que o meu rio fica deserto

Cravo na minha boca
Uma concha de neve pura
Os meus olhos
ferem o ar
Com soluços de madrugadas adiadas

E canto
E oiço
A voz do poeta que me sussurra:
Olha bem a aragem
A seiva
Os cabelos livres ao vento
Repara quão zeloso
é aquele búzio
de pedras perfumadas!!

E páro a refletir
jà não me chega
a bala das palavras

É preciso mais
E quero ter

Uma pétala colorida
Um riso aberto numa praia deserta
Um murmúrio de esperança
A palavra AMOR sibilada

Vitor Correia

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vou


Quando olho
Os teus olhos
Não vejo aves escondidas

Busco lágrimas
Nesse coração
Escondido

Procuro
Ternura subterrânea
Janelas de sonho

Pesquiso
Pilares de angústia
Cegos pelas nuvens
Do teu sorriso
triste

E que encontro?

Uma ponte inquieta
Que me leva ao teu corpo

É a vida a querer-me

sábado, 15 de agosto de 2009

Vida de cão


Ilusão
Desilusão
Ão Ão
vida de cão

O sonho
É uma quimera
A vida é que é
real

Imaginação
Desilusão
Ão Ão
vida de cão

jà foi
Já era
Já não é?
Será?
Não será
O que é que há?

Busco
No horizonte
A luz
A vida
O fim da névoa

E que vejo?

Nevoeiro
Bruma
escuridão

Valeu a pena pai?
Valeu

E agora mãe ainda vale?

Procura filho
Cata dentro de ti
Nem tudo podem ser Só sombras

Mas pai
Mas mãe
Se já não tenho forças
Como fazer? Se o céu já não tem azul
Se o sol foi ofuscado
Se a vida vai terminando
Se o amor
É uma quimera?

E o sonho ,mãe?
É uma ilusão?
Uma desilusão?
Ão Ão
vida de cão

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Memórias


Já era tarde
Enganos foram resolvidos
Olharam-se
Os olhos raiaram de desejo
Ela pegou-lhe na mão
E disse:

Vem
Hoje quero-te

O coração dele
Bateu mais forte
Correram
Corredor fora
Como quem corre
Atrás da vida

As roupas à pressa
no chão
As velas acesas
Os lábios colaram-se
Num louco frenesim
Numa ânsia incontida

Era o amor a chamar
Os corpos uniram-se
Mergulharam
Desapareceu
O mundo à volta

Amaram-se
Entregara-se
VIVERAM
Trocaram fluídos
O êxtase aconteceu
SImultâneo