quinta-feira, 30 de julho de 2009

Novembro Frio


Novembro Frio


Era Novembro frio
Anoitecia
Roubaram-me o ar
O fôlego

Deixaram um prato vazio
Sobre a mesa
Trocaram-me
O Amor
Por um doloroso
amargo de boca

O coração???
Esse ficou ferido
Parado
Descrente

Uma sombra
Uma sede
Uma manhã sem esperança
Foi o que me deixaram

Num lugar
De um barco
de aventuras
Doaram-me
Um outro
Titanic

O corpo
Transformou-se
Num refúgio de armas
E a alma
Foi devorada

Vitor Correia

domingo, 26 de julho de 2009

Anda


Anda
Dá-me a tua mão

Vamos vaguear
no chão com as nuvens
No céu com as pedras
Anda
Mesmo como estás
Nua
Onde pisas nascem rosas vermelhas


Anda
Vem mesmo assim
Ninguém vai olhar

Não pintes o rosto
Vem só tu
Natural

Anda
Mesmo com fantasmas
nos ventos cortantes
Lá bem alto
Por cima das estrelas

Anda
Vamos os dois
Planar sobre o mar
Como Tristão e Isolda

Isolda imaginária
Viva
Que eu roubei à morte anunciada

Vem
Viva e bem viva
Embora quase morta
No fingimento da partida

Agora vamos
Mãos dadas
No céu
Nas nuvens
Nas árvores
No vento

Em busca da vida
Da felicidade
Do amor

Sem carácter de urgência

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Aqui


Não há um nome para a tua ausência
Há um muro que meus olhos derrubam

Não há uma palavra para o teu silêncio
Há uma mordaça que meus lábios libertam

Não há um gesto
Para a tua indiferença
Há um sorriso
Que minha face desnuda

Existe sim um sonho
Para a tua liberdade
Não há grilhetas
Que se oponham à esperança

Existe sim a vida
O céu para voar
Não há prisões
Onde calem a poesia

terça-feira, 7 de julho de 2009

Se....


Se um dia
Eu inventasse
O amor com carácter
De urgência
Criaria
Novo Sol
Novas estrelas
Mais alegria nas manhãs
Outro cheiro
De terra molhada
Novos aromas
De ervas acordadas
Outro tacto
De pele arrepiada

Inventaria
Mil mãos dadas
A gritar o AMOR
Com carácter
De urgência

Criaria
Olhos nos lagos
Bocas às nuvens
Corações no Céu

Gritaria
BEM ALTO
Vem
Dá-me o teu abraço
O teu corpo renascido
Como estás
Nua como és
E fica comigo
Com urgência

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Vem


Vem,
Promete-me
Que o meu próximo espermatozóide
Vai demolir
A crosta
do teu óvulo maduro

Vem
à luz das velas
Bordar poemas eróticos
Para consumo íntimo

Vem
Servir esta pobreza
envergonhada
deste menos bafejado pela sorte

Vem
E encontra
Estas correntes
com que me atrelo
Ao teu nevoeiro
Subterrâneo

Encontrarás
Aqui
O meu erro
A minha aposta
O meu medo

Mas
Verás também
a exalação
Ao meu suspiro
Activo em ti

Vem
E encontra-me TODO